Elas são barulhentas, de plumagem alvinegro, as galinhas D’Angola são aves de grande beleza, importantes no controle biológico, auxiliam o equilíbrio ambiental. Também conhecidas como guiné, galinha-do-mato, capote, capota, sakué, pintada, fraca, apesar de fácil criação, muitos cuidados devem ser dispensados às galinhas D'Angola nos primeiros meses de vida, principalmente quanto a alimentação, temperatura, instalações e manejo.
Apesar de acreditar que elas têm sua origem na Guiné (na costa ocidental da África), essa é uma questão em aberto e essa incerteza a respeito da origem se dá por referências antigas da galinha no Egito.
A galinha que viajou o mundo já foi tema de livro, no carnaval de 1996 o carnavalesco Chiquinho Spinoza da União da Ilha contou a história da galinha D’angola na história de na cultura Iorubá. E as referências não param por aí, ela além de mascote símbolo do carnaval do Parque Vicentina Aranha, tem um bloco que leva seu nome e arrasta multidões.
Convidamos Fátima Santos e Francisca Santos integrantes do projeto Santo de Casa – Tecnologias Populares para além das curiosidades, comentar esta ave sob a ótica da simbologia da Galinha D’angola na cultura popular do Vale do Paraíba.
Fátima Santos - Joseense, Fátima viveu sua infância na área rural de São José dos Campos/SP; cresceu vendo a mãe, D. Lili Figureira, e seus irmãos criando figuras com argila que na época era retirada no leito do rio Pararangaba. Sua primeira figura foi uma galinha. Herdou de D. Lili a arte de modelar o barro e também a paixão pela arte de ensinar. Com formação acadêmica em Educação, atuou por trinta anos na Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino e desenvolveu, paralelamente, trabalhos como Arte-Educadora em várias instituições culturais e educacionais, divulgando a arte de fazer figuras de barro. Atualmente integra a instituição Montanha Encantada, sediada na cidade de Monteiro Lobato-SP, atuando como Coordenadora Pedagógica e Monitora de Oficinas de Modelagem em Argila, direcionada, principalmente, para educadores e alunos da rede pública. Desde 2010, participa do coletivo Santo de Casa – Figureiras de São José, atuando em várias iniciativas que buscam valorizar a arte figurativa com o barro, inserida em um contexto histórico e cultural nas cidades valeparaibanas.
Francisca Santos - Filha de D. Lili Figureira, desde criança Fran, como é carinhosamente conhecida, fazia figuras acompanhando sua mãe. Sempre foi muito observadora e demonstrou desde cedo sua preferência em modelar animais, que faziam parte do seu cotidiano rural. Angolas e patos são suas peças preferidas, apesar de também fazer outras figuras. Merece destaque a pintura de suas peças que é feita de maneira minuciosa e delicada. Gosta de misturar e brincar com as cores. Francisca organiza as embalagens para as peças que a família produz, reaproveitando caixas que são descartadas e as encapando com papel que ela mesma decora. Com sua mãe aprendeu a bordar e também faz bonecas e animais de pano. Desde 2010 participa do coletivo Santo de Casa – Tecnologias Populares.
Santo de Casa – Tecnologias Populares - Desenvolvido por um grupo de tradicionais artesãs figureiras e agentes culturais de São José dos Campos/SP, surgiu, em 2010, da necessidade de se estimular o escoamento da produção de figuras de barro, promover o consumo consciente do valor simbólico agregado e, visando à valorização e à continuidade do fazer cultural, estimular a transmissão e a troca de conhecimentos construídos na prática artesanal. O nome “Santo de Casa” remete à territorialidade da produção cultural, buscando valorizar os produtores do lugar. O subtítulo “Tecnologias Populares”, dialogando com o perfil tecnológico da região, refere-se ao procedimento ou o conjunto de procedimentos - conhecimento aliado à prática - desenvolvido pelos grupos e indivíduos para atender suas necessidades materiais e imateriais. Durante sua trajetória de dez anos, com a sistematização das ações por meio de gestão compartilhada e colaborativa, vem se conformando em um Plano de Salvaguarda da arte das artesãs figureiras de São José dos Campos-SP.